Bastidor, o melhor da cena

Autor: Pedro Arruda

Em Lucas 24 e João 21 são apresentadas duas cenas de desolação: Numa delas, dois discípulos de Jesus lamentavam as tragédias acontecidas na sexta-feira anterior com a paixão e morte do Mestre deles.
Em outra, um grupo de antigos pescadores cogitam voltar à atividade, desiludidos pela morte do Mestre que tanto os havia feito sonhar, crer e amar. Lembravam que, quando ele foi preso, todos fugiram. O mais pesaroso deles ainda arcava com o fato de tê-lo negado, depois de ter sido alertado. Foi exatamente este que, como sempre, tomou a iniciativa: “vou pescar” e foi acompanhado pelo demais.
Muitas vezes nos sentimos como aqueles amigos de Jesus, quando a esperança parece fugir, deixando em seu lugar uma nuvem de desolação e frustração, fazendo desaparecer a certeza que se tinha que tudo corria bem em direção aos objetivos que, então, se transformam em utopias. Parece que isso é o que acontece com quem se envolveu na caminhada de Unidade.
Muitos, desolados, partiram para Emaús, outros preferiram a pescaria e, não poucas vezes, pensamos em acompanhá-los ao sentirmos a ausência de companheiros nas atividades. Se em todas as jornadas a companhia é necessária, na Unidade ela é imprescindível.
Contudo, nos bastidores, que nossos olhos naturais não veem nem nossa mente alcança, outra história está se desenvolvendo que, nos casos das cenas do evangelho referidas antes, trata-se da ressurreição de Jesus. Um dos maiores e mais inédito dos eventos está em curso, exatamente naquele sábado silente à história, com os discípulos enlutados e em profundo abatimento.
Neste presente momento em que muitos amigos e servos de Deus saíram de cena, recolhidos à casa do Pai, outros com enfermidade, redução de mobilidade de diversas formas e, mais catastrófica é que, se não bastasse os tantos motivos de divisão, a ideologia e a política se sobrepuseram ao amor entre os irmãos a ponto de um duvidar da fé do outro, por não pertencer a sua linha de pensamento.
Aos olhos naturais parece que a divisão está triunfando e que nossas ações parecem ser tão inócuas como enxugar gelo.
Diante de um cenário tão desolador e convidativo a uma viagem à Emaús  ou a uma pescaria, é inimaginável o que Deus deve estar fazendo, fora de qualquer alcance humano. Certamente deve ser algo muito extraordinário pelo qual vale a pena perseverar, como veremos mais à frente! Tudo está sendo encaminhado para a suprema unidade em resposta à oração de Jesus (Jo.17), pois tudo, nos céus e na terra, se convergirá em Cristo (Ef.1).
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Pedro Arruda é casado, pai de 3 filhos, 6 netos,    

Autor dos livros: “ A Comunhão Nossa de Cada dia” e “Amigos do Mestre”  e “Comunidade, Expressão do Corpo de Cristo“, faz parte da equipe do TJCII Brasil e é membro da equipe de serviço do Encristus.