Ele, Padre Católico. Eu, Pastor Reformado.

autor: Rev. Ailton Gonçalves Dias Filho

   Conheci o Padre Constantino quando cheguei em Americana para pastorear a Igreja Presbiteriana. Nossas igrejas, ou templos, são vizinhos. Desta vizinhança surgiu uma respeitosa amizade.

   Tínhamos algo em comum. Pastores de ovelhas do Senhor Jesus Cristo. Ambos. Não foram poucas as vezes que tive o privilégio de fazer celebrações e cerimônias junto dele. Nesses encontros, surgiram as oportunidades de crescimento e conhecimento. E, naturalmente, a admiração. 

   Em passado recente, todos os anos, o salão de festas da Basílica abrigava a Feira da Fraternidade. Era a oportunidade de acolhimento de instituições que promovem o bem comum e a dignidade da pessoa humana. Para mim era a oportunidade de estreitar os laços de amizade e amor cristão com o Padre Constantino. De voz com entonação baixa, amena, cativante. Conquistava a todos pela simpatia, humildade e simplicidade. Foi assim que ele conquistou a confiança e a admiração de seus paroquianos e de todos os americanenses. Estou há 30 anos em Americana e dele só ouvi elogios sobre sua pessoa.

  Todos os anos, no início da Campanha da Fraternidade, lançada pela CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, ele vinha me presentear com o Texto Base, um livro com orientações da Campanha. Era o gesto do amigo, do irmão, do companheiro de jornada. Ele, Padre Católico. Eu, Pastor Reformado. Dois galhos da mesma árvore, do mesmo tronco, unidos pelo sangue de Jesus Cristo na cruz. Descobri, ao longo dos anos, que aquele que nos une é infinitamente maior do que qualquer coisa que nos separa.

    Pude fazer uma última visita ao meu amigo e irmão Padre Constantino. Conversamos e oramos. Percebi que ele estava no crepúsculo de sua vida terrena. Faleceu alguns dias depois. Tive o privilégio de participar e falar, por especial gentileza do Padre Valdinei, reitor da Basílica Santo Antônio. Minha fala foi simples, como foi a vida do Padre Constantino – servo fiel do Senhor Jesus Cristo. Hoje, tenho certeza, ele está gozando das delícias eternas nos braços de nosso Pai comum.

    Fica o legado de um homem simples que viveu a simplicidade do evangelho do Senhor Jesus Cristo. O evangelho é a vida com Deus, na mais pura simplicidade. Creio que ele ouviu as doces palavras da boca do Senhor Jesus: “Vinde, bendito de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Quem conheceu Padre Constantino, concordará comigo. 

Rev. Ailton Gonçalves Dias Filho

Pastor da primeira Igreja Presbiteriana de Americana – SP