A Vocação Ecumênica da Renovação Carismática Católica

Autor: Reinaldo Bezerra dos Reis

Aproveitando a oportunidade que o Senhor nos dá de, juntos, refletirmos um pouco daquilo que está sendo a vontade de Deus desde todo o sempre, aplicado aos nossos dias, à nossa realidade, segue abaixo um texto extraído de uma pregação feita por Reinaldo Bezerra dos Reis sobre a vocação ecumênica da Renovação Carismática Católica, um viés pelo qual a igreja acredita e deposita muita esperança de que a Renovação se sirva e sirva como instrumento de reconciliação na vida da igreja por diversos fatores. O texto que direcionou a fala está em 2 Coríntios 5:17-20.

                                                                   TUDO ISSO VEM DE DEUS

 

“Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!” Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação. Porque é Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação. Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” – 2 Coríntios 5:17-20.

 

Os versículos acima resumem o tema geral desta ministração e há de se destacar neles a expressão “Tudo isso vem de Deus” (v. 18).

 

Usemos como ilustração do que queremos falar a afirmação do Papa Francisco no documento “A Alegria do Evangelho”, parágrafo 244:

 

“O compromisso ecumênico corresponde à oração do Senhor Jesus pedindo ‘que todos sejam um só’ (João 17,21). A credibilidade do anúncio cristão seria muito maior, se os cristãos superassem as suas divisões (…). Devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos. Para isso, devemos abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus. O abrir-se ao outro tem algo de artesanal, a paz é artesanal.”

 

A propósito, João Paulo falando ao Movimento de Vida Cristã (dez/1999) disse: “Somos chamados a ser verdadeiros artesãos na reconciliação”. A reconciliação tem algo de artesanal e nós, no Encristus (irmãos e irmãs), procuramos vivenciar esta realidade. Nós temos experimentado a possibilidade desta artesanalidade da comunhão e a pessoalidade do ministério da reconciliação. Nós somos um pequenino grão de areia no contexto eclesial do cristianismo e há em nós uma clara consciência disso. Não temos pretensões maiores do que vivermos na realidade eclesial de cada um esse ministério face a face. Quando nos encontramos, ainda que de procedências, denominações e assentos cristãos distintos, vemos que é possível vivermos a comunhão e amarmo-nos como irmãos, apesar de todas as dificuldades latentes. Temos experimentado isto e compreendido que mais importante do que ficar alardeando e proclamando as nossas diferenças históricas, é colocarmos em destaque as nossas conquistas, ainda que pequenas e pessoais. Não temos grandes programas porque o nosso programa é: onde você está viva a comunhão de forma a manifestar a comunhão pretendida pelo Espírito Santo e por Jesus Cristo na nossa vida. Este é o propósito fundamental e tudo isso vem de Deus; não é fruto de planejamento humano, pois vem de Deus.

 

RETROSPECTIVA NA HISTÓRIA DO OPERAR DO ESPÍRITO

 

Para entender um pouco o porquê colocamos em destaque a Renovação nesse contexto de ser um instrumento de diálogo ecumênico, é bom fazermos uma rápida passagem pela história do operar do Espírito nas nossas realidades eclesiais.

 

O Espírito sempre esteve em operação no mundo, claro, é uma pessoa divina e nunca deixou de estar. E desde a revelação da criação, ele estava lá pairando sobre o universo; sempre esteve em operação. Mas é possível nós identificarmos diferentes ênfases nesse operar do Espírito, através da história. E, embora ele nunca tenha deixado de atuar e agir, é possível identificarmos em largos momentos da história deu-se a impressão de que o Espírito Santo estivesse vivendo um inverno na vida da igreja. Não porque ele estivesse dormindo, mas porque nós estávamos pouco despertos para ele; nós estávamos pouco abertos para ele. E algumas coisas na história, pegando alguns grandes pontos, contribuíram para que isso acontecesse, para que muito tempo nós não tivéssemos um relacionamento com este Espírito, que hoje é um fator de animação entre nós.

 

Nós não temos o monopólio do Espírito Santo, mas é ofício próprio nosso, de igrejas de perfil pentecostal, colocar em destaque, fazer a leitura do pentecostes de uma maneira viva, como insistia sempre João Paulo II quando se referia sempre à Renovação. Então, é possível identificarmos diferentes percepções do operar do Espírito. Nós sabemos que pentecostes não é uma opção na revelação. Pentecostes é constitutivo da grande graça pascoal, da grande graça da salvação. Ele faz parte e a missão conjunta do Filho e do Espírito através da qual Deus age para fazer a salvação.

 

No entanto, apesar dessa importância, apesar de Jesus Cristo dizer para nós: “Não se metam a falar de mim sem, antes, fazer a experiência do Espírito. Aguardem em Jerusalém! Vocês vão ser batizados, recebereis poder e aí sim, uma missão conjuntiva, podereis testemunhar. Aguardem! E ele dará testemunho de mim (Jo 14,15 e 16). Ele tomará do que é meu e vo-lo anunciará. Ele convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Ele estará com vocês eternamente.” Apesar disso tudo, alguns eventos, alguns acontecimentos, não contribuíram para que nós tivéssemos sempre essa disposição de abrirmos para a pessoa do Espírito Santo.

 

Montano (Séc. II)

 

Logo no século segundo, da história da Igreja, surgiu na Frígia, na Ásia Menor, um senhor chamado Montano que era um sacerdote pagão, cultuava uma deusa chamada Sibele, um deus chamado Áquis, que se converteu ao cristianismo. Ele se converteu de fato e constituiu uma grande comunidade que era muito dada à prática dos carismas, especialmente da profecia. Eles eram até conhecidos como “O movimento da profecia”. Exuberantemente manifestavam, exercitavam os diversos dons do Espírito Santo, dons carismáticos do Espírito Santo; nessa divisão que a gente faz para distinguir dos outros dons de santidade ou messiânicos, ou infusos.

 

O problema é que Montano, que começou no Espírito, de repente derivou para a carne e começou a impor aos seus seguidores uma série de exercícios ascéticos e de regras que não estavam de acordo com a doutrina, não estava de acordo com aquilo que ensinava a igreja a respeito de casamento, de serviço militar, de jejuns, etc. E começaram alguns conflitos com Montano. Duas profetisas que o acompanhavam faziam previsões futuristas, milenaristas que não se cumpriram. Mas, enfim, há um momento em que, apesar de toda busca de diálogo, Santo Irineu intermediou nesta briga nessa época, nessa confusão; Papa Eleutério acompanhava isso. Mas chegou um momento em que Montano fala uma coisa. Ele não foi herético, era considerado cismático, mas ele disse: “A igreja se baseia no fundamento dos apóstolos e dos profetas. Os meus apóstolos não profetizam, por isso, eu vou dar ouvido ao Espírito Santo, vou dar ouvidos às minhas profetisas. Ou seja, eu vou deixar a instituição, a hierarquia de lado e vou me comunicar diretamente com o Espírito”. Isto se constitui naquilo que nós chamamos de Iluminismo. Aí foi, então, a gota d’água e a comunidade foi separada da comunhão com a Igreja.

 

E, a partir daí, toda vez que alguma comunidade manifestava uma certa efervescência carismática, a igreja prudentemente dizia: “Vamos devagar, põe o pé no freio. Os carismáticos não são dados à comunhão com a instituição. Parece que há um conflito entre carisma e instituição. Eles são dados a seguir diretamente, a se achar iluminados pelo Espírito diretamente. Então, é preciso cautela.” Prudentemente a igreja fazia assim. Mas com isso também se abafava possíveis legítimas aspirações carismáticas. É uma consequência. Isso vai atravessar a história. No Concílio Vaticano II, um cardial de Palermo (Ernesto Rufine), logo na segunda sessão vai propor que se tire dos documentos do Concílio a palavra “carisma”. Imagina! Que se tire de um documento de um Concílio Ecumênico a palavra. Porque dizia o Cardeal: “Hoje não se vê mais carismas, é coisa rara”. Uma contradição porque a igreja Católica diz que nela ocorrem milagres e, por isso, ela é legítima. Mas Rufine entendia que já quase não ocorria e, dizia ele, os carismas são fonte de confusão; os carismas são fonte de dissenção; instituição e carisma não caminham bem.

 

O cardeal Suenens (15:53), outro moderador do Concílio, entrou com recurso, desmistificou um pouco a questão de que não tem mais carisma, mostrando que carisma não é só coisa espetacular e também procurou, tanto quanto ele podia naquela ocasião porque também não entendia muito, ele mesmo falou isso em suas memórias, mas procurando mostrar que necessariamente não precisava haver conflito entre carisma e instituição. Isso para você ter uma ideia que no século segundo, alguém vem no século XX, relembrar Montano e falar: “Olha, é melhor não por nos documentos do Concílio”. Mas a proposta do cardeal Suenens, que era de Bruxelas e Malines, da Bélgica, prevaleceu e, por isso, o Concílio está totalmente não só deixar os termos, mas esclarecer. Em quatro documentos do Concílio, em cinco textos, a gente vai encontrar os fundamentos que justificam o surgimento da Renovação Carismática Católica lá na frente. Talvez se o cardeal Ernesto Rufine não tivesse falado nada, tivesse passado em branco essa história, e o carisma ficaria assim como essa coisa de caráter sociológico que nós temos por aí.

 

Nos primórdios do cristianismo

 

Então, voltando um pouco lá pelo começo também do cristianismo, a igreja se vê numa situação que precisa tomar uma posição. Jesus Cristo era atacado por diversas heresias. Então, a igreja faz o que ela precisa fazer: se debruça sobre a pessoa de Jesus Cristo para defender a realidade, a verdade sobre ele. Então, começa-se a desenvolver uma excelente cristologia, da qual nós bebemos até hoje. Então, as diversas heresias que falavam que Jesus é só Deus, não era homem; ou era só homem, não era Deus, que era um modo de ser Deus e assim por diante. A Cristologia corrige isso tudo, se dedica a isso tudo. Excelente trabalho!

 

Mas não há ao lado disso uma correspondente pneumatologia. Não se faz também nesses começos um estudo adequado com essas mesmas intenções da pessoa do Espírito Santo. Ele não era atacado, havia só uma heresia quanto a ele. Não era problema de discussão ainda. Lógico que na sequência vem alguns tratados sobre o Espírito Santo de alguns padres, alguns doutores, alguns santos da igreja, mas que na prática para o povo de Deus eram tratados intratáveis. Eram escritos em latim que há pouco tempo começou-se a traduzir. O povo de Deus não tinha acesso àquilo; não tinha acesso. Não ajudava o povo de Deus na sua devoção, no seu relacionamento com a pessoa do Espírito Santo.

 

Santo Agostinho

 

Depois nos temos Agostinho, um pouco para frente. Agostinho faz brilhante estudo sobre a natureza do Espírito Santo, no seio da Santíssima Trindade. Agostinho se dedica sobre a natureza e a identidade do Espírito Santo, como ninguém. Até hoje bebemos disso. Excelente trabalho, bebemos disso. Ele falou coisas lindas sobre o Espírito Santo. Mas ficou nos devendo, se assim pudéssemos dizer, alguma coisa que falasse da ação da pessoa do Espírito Santo na economia da salvação, na história. Porque isso sim gera devoção, gera relacionamento pessoal com a pessoa. Isso ele não fez. Não estamos dizendo que ele tem alguma culpa. Estamos dizendo que ele fez uma coisa muito boa, mas que poderia ter nos ajudado em outra também. Mas quis Deus que ele fizesse essa outra e nós ficamos à míngua com esse aspecto. O povo de Deus, nessa reflexão da natureza e da identidade tem pouca participação. Isso é para teólogos.

 

A Igreja Ocidental se separa da Igreja Oriental

 

Andando um pouco mais para frente na história. Em 1054 acontece uma coisa muito dolorosa para nós todos. A igreja do oriente sempre foi mais festiva em relação à pessoa do Espírito Santo, sempre foi mais icônica, sempre foi mais representativa, sempre com mais imagens sobre o Espírito Santo. Então, nós do ocidente, nos alimentávamos, nós bebíamos dessa teologia pneumatológica do oriente. Mas em 1054, por algumas questões políticas, mas também por uma questão exatamente do Espírito Santo, da procedência dele, a igreja se separa da igreja do oriente e nasce a igreja ortodoxa. E, então, já há uma resistência em beber daquela fonte que já não é mais da comunhão católica. Então, isso também não contribui para que nós por muito tempo tivéssemos acesso a essas reflexões, a esse material, a essa produção que os ortodoxos sempre primaram por fazer. Vão surgir outros movimentos, alguns vão se tornar heréticos, donatismos, messalianismo, priscilianismo e os seguidores de Joaquim de Fiori, que vão dar dificuldades com relação ao Espírito.

 

REDESCOBRINDO O ESPÍRITO SANTO

 

O fato é que até mais ou menos o século XVIII, o Espírito era uma coisa assim como que usada para arrematar as orações nossas. Nunca deixamos de acreditar nele, ele nunca deixou de agir, mas nós não o acolhíamos com a plenitude que poderia acontecer. Nós rezamos desde sempre aquele… e muitas das outras confissões o fazem até hoje… aquele símbolo apostólico; nós católicos todos os domingos, pelo menos. E se você prestar atenção nele, ele fala tudo o que se pode falar de Deus Pai, conforme diz o catecismo.  Se você crê que Deus Pai é todo poderoso, criador de todas as coisas, você disse tudo o que se pode dizer dele, o resto é decorrência. E depois começa a falar de Jesus Cristo e conta toda a história de Jesus Cristo na sua concepção, de que morte morreu, que foi sepultado, desceu à mansão dos (…), ressuscitou ao terceiro dia. Tudo de Jesus nas linhas essenciais. Depois chega no Espírito Santo e diz “creio no Espírito Santo” e pula já para a igreja católica, como se do Espírito não precisasse dizer nada ou se nós já soubéssemos a respeito do Espírito Santo.

 

Por isso, João Paulo quando escreve a sua Encíclica sobre o Espírito Santo (24:02), no comecinho dela ele disse assim: “A igreja sempre professou a sua fé no Espírito Santo, sempre, ininterruptamente. No entanto, essa fé proclamada ininterruptamente pela igreja no Espírito Santo, precisa de ser avivada e aprofundada na consciência do povo de Deus.” Não basta ficar dizendo “eu creio no Espírito Santo”. Isso é bom, mas que consequência tem isso na minha vida? Isso me interpela ou é um conceito teológico, apenas um dado doutrinal? Quem é o Espírito Santo? Eu e você meu irmão, minha irmã, na nossa igreja não fomos catequizados adequadamente sobre a pessoa do Espírito Santo, não fomos evangelizados adequadamente, não nos foi ensinado a perceber os sinais da operação do Espírito Santo nos nossos templos. Não fomos! A catequese nossa se reduzia a essa pergunta: “Quem é o Espírito Santo?” E nós respondíamos: “O Espírito Santo é a terceira pessoa da santíssima trindade”. E chega! É pessoa e é espírito? O que é isso? Para que ele serve/ Por que ele veio? Ele precisava vir? Jesus não é o salvador, já não fez tudo? Por que eu preciso dele? O que é ele? O que ele faz por mim, pela minha família, pela minha igreja? Não! Isso ninguém falou conosco.

 

Paulo VI, em 1975, escreve um documento que é uma referência para a evangelização (Evangelii Nuntiandi). E no número 75 também, dessa exortação, Paulo VI diz assim: “Nós estamos vivendo na igreja um momento privilegiado do Espírito Santo”. Ora, se esse é um momento privilegiado deve ser porque os outros não o foram. E ele dá a sequência no que está dizendo: “Por toda parte procura-se conhecê-lo melhor, conforme as escrituras. De bom grado as pessoas se colocam sob a sua moção, deixando-se por ele possuir e conduzir”. E depois vai falar mais ainda, vai caracterizar que ele é aquele que põe na boca de quem fala as palavras que quem ouve precisa escutar. Ele abre o coração de quem ouve para dispô-lo a acolher o que está sendo dito, etc.

 

Mas para nós fica claro isso. Estamos vivendo na igreja um momento privilegiado, diferenciado. Depois João Paulo também vai dizer na Encíclica Novo Millennium Ineunte que no ano do Espírito Santo, em 1998, na nossa igreja que entrava necessariamente nos preparativos para a celebração do grande jubileu, no ano 2000, a redescoberta do Espírito Santo. Se o Papa está dizendo que precisa redescobrir, deve ser porque Ele estava um pouco encoberto. São palavras de João Paulo também.

 

Bom, o fato é que, então, Deus começa entrar em ação de uma forma muito objetiva e colocar em destaque para nós, motivar o povo de Deus a voltar àquela abertura, àquela acolhida ao Espírito Santo. Então, diversos acontecimentos vão fomentar, ensejar um momento em que esse Espírito Santo vai como que voltar ao seu habitat natural e vai ter espaço e vai se reconhecer a ponto de João Paulo também dizer para a nossa igreja: “Carismas e instituição são coessenciais à vida da igreja”.

 

João Wesley

 

Mas o que acontece? Na igreja protestante nós temos um grande sinal através de João Wesley com o seu metodismo. Então, lá pelo final do século XVIII João Wesley começa a desenvolver uma teologia que prima por falar de uma experiência com Deus através da relação com o Espírito Santo. Isso é assim como o tapete que vai lá na frente gerar a expressão “batismo do Espírito Santo”. Wesley, então, propõe essa abordagem de uma experiência. Como nós sabemos, o metodismo vai ser fundamental para o Movimento de Santidade que é o elo de ligação principal com o pentecostalismo. Vai passar por outras coisas, mas no fundo vai ser isso, o Movimento de Santidade bebe das fontes do metodismo e prepara o caminho para o pentecostalismo. Então, Wesley com o seu metodismo começa a dar sinais de uma preocupação também com a pessoa do Espírito Santo. Começa a valorizar, dar atenção a essa Pessoa do Espírito Santo.

 

Edward Irving

 

Nós temos, também, um movimento que aconteceu rapidamente, o Irvingismo. Irvin era um pastor escocês que começa também a estudar um pouco essa dimensão do Espírito Santo e acaba fundando uma igreja, inclusive chamada Igreja Católica Apostólica. A presença de Irvin na história do pentecostalismo não é tão extensa, mas algumas coisas marcam. No irvingismo nós temos um registro do primeiro exercício dos dons das línguas dos tempos modernos. É no grupo dele que se começa a orar em línguas. Então, é um sinal que depois vai ser tomado pelos pentecostais clássicos para justificar o Batismo no Espírito. Mas veja, Deus está mexendo aqui e ali.

 

Movimento Avivalista nos EUA

 

Depois nós temos o movimento avivalista, muito forte nos EUA, especificamente, mas não exclusivamente. Os avivalista começam a colocar em destaque aquelas doutrinas que eram próprias do metodismo e começam a, exuberantemente, falar da necessidade de uma experiência com o Espírito Santo. Eles têm uma metodologia que contagiava as pessoas que eram ávidas de experiência com Deus. Por essa época, por termos vivido um longo tempo um tanto quanto circunspectos em relação a essas coisas do Espírito, numa espécie de formalismo cristão.

 

Charles Finney

 

Depois, então, nós temos nesse intervalo a presença de uma pessoa chamada Charles Finney. Ele foi aquele que começou a usar a expressão “batismo no Espírito Santo” com o sentido que nós temos hoje. Ele como que é chamado aquele que domesticou a avivalismo; trazendo o avivalismo das suas tendas, dos seus salões alugados para miríades de igrejas, estabelecidas agora, e enfatizou essa experiência de Deus que eles tinham como segunda experiência ou terceira experiência, mas, enfim, era uma experiência posterior à conversão. E a isso aí, já pegando aquilo que Wesley e Irvin, que os avivalistas falavam de uma certa maneira, e condensou na palavra já mais agora, então, com um sentido definido “Batismo no Espírito Santo”. Porque Batismo no Espírito Santo não está na Sagrada Escritura com esse sentido e tempo e como substantivo de forma nominativa, o Batismo no Espírito Santo não está na Sagrada Escritura; não tem. Tem sete vezes, ela ocorre sete vezes no Novo Testamento sempre em tempo verbal. “E sereis batizados…”; “Ele vos batizará…”; “Sereis batizados”. Mas nunca como um substantivo. Daí, inclusive, muito da resistência da nossa própria igreja em acolher uma expressão que era de um pentecostalismo renhido, separatista e fragmentador, cunhado por um protestante. Então, fica difícil. Hoje já se conversa; tivemos um simpósio em Roma sobre Batismo no Espírito Santo. Um documento da CNBB sobre o diálogo “tornar-se cristão”. Todo o estudo sobre batismo numa abordagem também católica. Então, começa-se a entender que é uma… O padre Ney Brasil, para os católicos um grande biblista, fez um estudo e concluiu que é legítimo usar a expressão, considerando que não se confunde com o batismo sacramento para nós, não tem essa possibilidade.

 

Enfim, Deus vai operando no coração também de Charles Finney que por sua vez ajuda a se formar o movimento de santidade. O Movimento de Santidade é aquele que vai dar corpo a tudo isso que vem acontecendo. O Movimento de Santidade pega aquela teologia experimental do metodismo, junta com a metodologia pentecostal dos avivalista e propõe um caminho de busca de santidade nessa linha do Espírito Santo. Isso tudo para chegar no começo do século e nós temos o início do pentecostalismo clássico que já falo a respeito.

 

Redescoberta do Espírito Santo pela Igreja Católica

 

Vou pular para o lado católico um pouquinho. Na igreja católica, pelos fins do século XIX, Deus começa a suscitar no coração de algumas pessoas, também, essa preocupação com a pessoa do Espírito Santo. Deus começa a falar em profecia e para alguns, que nós consideramos santos, para alguns beatos, algumas lideranças religiosas aqui e acolá, começa a suscitar essa preocupação. Deus fala com uma mulher chamada Contita Cabrera, no México, que escreve muito a respeito do Espírito Santo. Padre Arnaldo Jansen, santo hoje também que funda congregações com essa intenção de dedicar ao Espírito Santo. Também fala com Francisca Javiera del Valle, uma espanhola, que escreveu o Decenário do Espírito Santo. Começa haver uma preocupação no meio católico.

 

Elena Guerra

 

Na Itália, fim do século XIX, Deus suscita no coração de uma mulher chamada Elena Guerra, essa preocupação. Elena Guerra nasceu em 1835 e morre em 1914, portanto na passagem do século XIX para o século XX. Ela conviveu com quatro Papas, participou de uma sessão do Concílio Vaticano I e aí decidiu dedicar sua vida à igreja.

 

Resumidamente, Elena Guerra começa a receber essas inspirações em que Jesus dizia a ela que devia se preocupar em tornar o Espírito Santo mais conhecido e amá-lo. Ele dava as razões por que. Mostrava em inspiração, são moções particulares, por que precisava retomar e devolver ao Espírito Santo o lugar que lhe era devido de direito. Por sete anos, Elena escuta essas coisas que vem da inspiração de Deus. No fim, uma pessoa da sua comunidade confirma para ela que era de Deus o que ela tinha dúvida e confirma, inclusive, o que ela devia fazer com aquilo; que ela devia escrever para o Papa aquelas histórias. Aí ela fala com seu diretor espiritual, que fala com o seu bispo (ela é de Luca na Itália). Aí por um amigo comum ela começa a estabelecer um relacionamento por carta com Leão XIII, que era o Papa da época. Ela funda a congregação “As Oblatas do Espírito Santo”, que está até hoje em Luca. Ela escreve treze cartas ao Papa. Nós temos doze, uma se perdeu.

 

Papa Leão XIII

 

E Leão XIII começa a se inteirar daquilo e vê que ela tinha razão no que dizia. E ela dizia, só o senhor pode fazer alguma coisa para resgatar o papel do Espírito Santo na vida da igreja. E, então, depois o Papa a recebe e conversam.

 

Mas por causa das cartas dela: Primeiro, o Papa escreve um breve “Provida Matris Charitate” em 1895 pedindo aos bispos do mundo inteiro que promovessem uma novena de preparação para Pentecostes (novena são nove dias de orações para se honrar uma pessoa divina ou um santo), em relação ao Espírito Santo para que o povo ficasse mais alerta ao papel do Espírito. Em 1896 não aconteceu nada praticamente; ela escreve de novo ao Papa dizendo: “Santidade, poucos fizeram e os que fizeram acharam que era só para aquele ano, não voltaram para fazer. O senhor tem de tomar uma atitude mais enérgica”. Então, Leão XIII, em 09 de maio de 1897, promulga a primeira Encíclica sobre o Espírito Santo – Divinum Illud Munus.

 

Dá para ter ideia do que eu estou falando? Século XIX a primeira encíclica a respeito do Espírito Santo? Nela o Papa vai nos exortar a nos debruçarmos sobre a pessoa do Espírito Santo; vai pedir para que os escritores se debrucem sobre a pessoa do Espírito Santo para torná-la de modo mais compreensível do povo de Deus; vai falar da devoção a uma pessoa divina. E no final do documento ele decreta: “Decretamos que a partir de hoje, em todas as matrizes, se possível nas capelas, se celebre por ocasião de Pentecostes, uma novena de preparação.” É a única novena, em nossa igreja, litúrgico oficial. As outras são devocionais e muito boas, mas essa é litúrgico oficial. Correndo um pouquinho com o tempo chegamos a 1897. Depois ele escreve um terceiro documento que não teve muita repercussão, também para os bispos.

 

Chega no final do século (passagem do século XIX para o século XX) na noite de 31 de dezembro de 1900 para janeiro de 1901. A partir do Vaticano, Leão XIII solenemente ao fazer a celebração da passagem de milênio entoa o Veni Creator Spiritus (Vinde, Espírito Criador). É um Hino do Século IX que hoje a igreja usa em muitas ocasiões, em que pedia a vinda do Espírito Santo. Feito isso ele reza uma ladainha ao Espírito Santo que ele compôs e que nós usamos até hoje. E, na sequência, consagra o Século XX ao Espírito Santo. E o Século XX na nossa igreja começa com muitas transformações, renovações litúrgicas, vem Pio XII e escreve outro documento chamado Mystici Corporis que não é sobre o Espírito Santo, mas toca na questão dos carismas, abre-se assim uma janela a essa reflexão.

 

Papa João XXIII

 

E vem na sequência dele João XXIII, já quase octogenário, eleito em outubro de 1958. Quando chega em abril de 1959 ele faz a sua primeira beatificação – beatifica Elena Guerra, como que dando atenção a ela. E nesse dia da beatificação (26/04/1959) ele fala às irmãs que estavam presente, o povo de Luca. É interessante como no trabalho de Elena (escreveu quase setenta obras sobre o Espírito Santo) ela tinha sempre uma preocupação de colocar em destaque uma permanente efusão do Espírito Santo e esperava um novo pentecostes. Começa uma linguagem nova. Três semanas depois (17 de maio), era pentecostes, o papa fala para um grupo de cardeais: “Eu quero duas coisas: um concílio para Roma e um concílio ecumênico, que seja como um novo pentecostes. Isso era 1959. Vão tendo resistência, ele era muito idoso e diversas dificuldades. Mas em 1961 ele decreta, escreve um documento chamado Humanae Salutis e nele ele decreta e faz uma oração no decreto. Ele diz: “Senhor, olha para os rogos que sobem de todos os cantos da terra a ti e derrama o Seu Espírito novamente sobre a Igreja como nos tempos apostólicos e dá que esse Concílio seja para nós como que um novo pentecostes.” O Concílio vai ser pneumatológico, vai tratar duzentas e cinquenta e três vezes sobre o Espírito Santo, vai gerar documentos que vão dar fundamentação, inclusive para a Renovação Carismática.

 

João XXIII morre na vigília de Pentecostes de 1963. Paulo VI assume e fala coisas lindas sobre o Espírito Santo e conduz o Espírito Santo até a 08 de dezembro de 1965, quando termina o Concílio.

 

A sede por mais espiritualidade

 

Em 1966 um grupo de estudantes… primeiro um grupo de cursilhistas da nossa igreja se reúne em agosto para reclamar do discurso das homilias da igreja que era muito de cunho social apenas, não tinha espiritualidade. E alguém fala: “Eu li um livro que fala de um poder do Espírito Santo” – que era A Cruz e o Punhal. Outro fala: “Eu li outro livro” – que era “Eles Falam em Outras Línguas”. E um terceiro livro que não era muito na linha da espiritualidade, não foi traduzido para o Brasil, de Douglas Hyde. E se interessam por aquelas experiências e vão atrás delas. Então, um Papa consagrou o século; vem Pio XII que abre uma janela; João XXIII fala de um novo pentecostes; o Concílio faz tudo isso. Agora vem um grupo de pessoas que se interessam por isso e vão a uma experiência de grupo de oração. Interessante isso. Um pastor episcopaliano que lecionava na Universidade Católica, dirigida pelos padres do Espírito Santo, orienta para os que estavam interessados naquilo e diz: “Eu não sou pentecostal, mas tem um grupo aqui que é. Vão lá!” Foram lá em algumas reuniões e um dia a senhora que dirigia o culto disse a eles: “Olha, vocês estão interessados nessa experiência do Batismo no Espírito, então nós vamos orar por vocês. Não vamos impor as mãos sobre vocês para que amanhã não pareça que isso foi uma transmissão de uma igreja para outra ou que foi uma coisa humana. Mas vamos orar! Se Deus achar e aprouver a Ele vocês fazem a experiência.” E assim oraram e esses irmãos foram batizados no Espírito. Aleluia!

 

Na sequência, isso foi em janeiro de 1967, em fevereiro convocam uma reunião de estudantes, professores da Universidade de Duquesne e aí então, o Espírito se derrama sobre aquele grupo que não se reuniu para fundar nada. Fizeram uma grande experiência de renovação que se alastrou pelo mundo e que nela a igreja sempre viu uma possibilidade muito grande de comunhão com os outros irmãos de outras denominações.

 

O centenário do pentecostalismo protestante

 

Eu quero ler aqui apenas algumas falas. Façam uma pausa nisso que estou falando só para ligar nessa história. Esse livro de (?) “O Século Carismático”, em 2006… porque o pentecostalismo protestante tem como início da expansão do pentecostes, o pentecostalismo, abril de 1906 com o pastor William Seymour nos EUA, em Los Angeles na Rua Azusa Street e a partir de lá se considera o início do pentecostalismo em alguns círculos. Em 2006 era o centenário e eles iam se reunir para celebrar o pentecostalismo, o seu centenário. Convidaram a Igreja Católica. Eu estava no escritório internacional, em Roma, fazia parte do Comitê Executivo; por seis anos participei lá. E o Pontifício Conselho para os Leigos pediu que essa instituição internacional da renovação representasse nesse evento. Fomos lá, uma meia dúzia de pessoas. Eu tive a graça de estar presente em Los Angeles num estádio que no dia tinha 30.000 pessoas; 30.000 evangélicos e uma meia dúzia de católicos. Fomos muito bem tratados, nos acolheram e se celebrou.

 

Abrindo a festa que era uma semana, de manhã era uma pregação em comum; à tarde eram os workshop; à noite a gente visitava igrejas pentecostais. Para a abertura foi convidado um pastor que alguns de vocês com certeza conhecem, Jack Hayford. Ele esteve aqui no Brasil, tem vários livros aqui no Brasil, livros na Editora Betânia “Orar é Invadir o Impossível”; um pastor de muito reconhecimento nos EUA, tem programa de rede de televisão nacional, fundou igrejas em nove etnias – A Igreja do Caminho. Tanto que foi convidado para fazer a abertura. Ele faz a abertura e depois ele lança esse livro (O Século Carismático). E aí eu corri atrás desse livro porque me interessei na pregação dele. Ele começa o livro falando assim: “No dia, na noite, na passagem de 30 de dezembro para 1º de janeiro de 1901, a partir do Vaticano o Papa Leão XIII entoou o hino Veni Creator Spiritus. E ele fazia isso já por influência de uma freira chamada Elena Guerra e também por causa dela ele tinha promulgado uma Encíclica e tinha convidado o povo católico a rezar uma novena”, então, as primeiras partes do livro. E ele vai contar toda a história da Renovação Carismática Católica nas suas linhas básicas. E em certo momento ele vai dizer assim: “Muitos podem desprezar aquela invocação de Leão XIII, mas a partir da presente perspectiva em que nós nos encontramos e olhando para trás, não há como nós negarmos que ali Deus estava formatando um novo designe para a sua igreja. Porque – dizia ele – naquela noite no outro lado do mundo, no mesmo dia, na igreja do Pastor Charles Parham, um grupo de estudantes que estudavam inclusive para a busca dos sinais que identificam o batismo no Espírito, uma mulher, Inês (? 53:40) orou em línguas pela primeira vez com o desejo de receber essa bênção e essa graça. O Papa fazendo a consagração e numa outra igreja acontece essa manifestação. Eles estavam mais abertos, não tinham essas barreiras históricas que nós tínhamos e o Espírito sopra aonde quer. Mas, dizia ele, então, ali nós podemos dizer que começou na verdade o pentecostalismo.” Está aqui no livro, não somos nós que dizemos. É um pastor, Jack Hayford, de muita aceitabilidade.

 

A Renovação Carismática e o Ecumenismo

 

Quando a Renovação começa, no comecinho dela, um grupo de teólogos, entre eles o cardeal Ratzinger, (54:27) emanam algumas orientações para a Renovação (54:34 Walter Casper, Rene Lauretan, Congard, grandes pneumatólogos e o Cardeal Suenens). E eles falavam assim no documento que soltaram para a Renovação: “É evidente que a Renovação Carismática é uma relevante força ecumênica. E é de fato ecumênica por sua natureza. Numerosos protestantes neopentecostais e pentecostais clássicos compartilham com uma experiência semelhante e a partir daí se reúnem com os católicos para darem testemunho das coisas que o Espírito Santo está fazendo em outras igrejas.”

 

O Vaticano II urgia os católicos a não esquecer que tudo que a graça do Espírito realiza nos irmãos separados, pode contribuir também para a nossa edificação. Os dois movimentos foram feitos para se encontrar, não só porque é o mesmo Espírito que no-los dá, como dois caminhos para aquilo que ele quer fazer através de nós, mas porque a Renovação entre em contato e até mesmo assume certos elementos do pentecostalismo. Não seriam apenas (? 55:46) e em suas reuniões aceita fiéis de outras comunhões. Lembrando no Brasil, nossa primeira equipe de trabalho contava com irmãos evangélicos. Nós tínhamos a Sra. Lizena (de Valinhos) que era menonita; tínhamos o Jaime que era presbiteriano, também de Valinhos que faziam parte da equipe. Diversas reuniões.

 

Tivemos aqui em janeiro de 75, o primeiro Encontro de Líderes da RCC que contou com as presenças dos pastores Guilherme Cook e Paul Lewis que eram diretores do Instituto de Evangelização em Profundidade e muitos outros eventos nos ajudava muito nos primeiros encontros. O pastor argentino Juan Carlos Ortiz por muito tempo ajudou aqui num ecumenismo muito prático.

 

Dom Paul Cordes que substituiu o Cardeal Suenens no acompanhamento da Renovação escreve o seguinte em um de seus livros: “A Renovação tem sido marcada para os cristãos católicos bem como para os irmãos e irmãs “separados” em Cristo por um profundo sentimento de comunidade na experiência do batismo no Espírito Santo.”

 

No discurso aos dirigentes da Renovação o Papa João Paulo declarou: “Pela vossa experiência de muitos dons do Espírito Santo que estão compartilhados também com nossos irmãos e irmãs separados, tende a especial alegria de crescer num desejo de unidade para o qual o Espírito nos guia e numa obrigação de séria tarefa de ecumenismo.

 

Na Encíclica Ut Unum Sint (Para Que Todos Sejam Um) João Paulo II faz uma afirmação que deveria causar um certo incômodo em nós todos. Diz ele: “A busca da unidade cristã não é assunto de escolha ou conveniência, mas um dever que surge naturalmente da comunidade cristã”. Irmãos, se nós somos privilegiados por esse tempo, nós também temos um corpo omisso com essa unidade.

 

O Cardeal Suenens falando também do ecumenismo cita o arcebispo Michael Hansen que disse assim ao Jornal The Times em 73: “O ecumenismo na sua totalidade é obra do Espírito Santo, espírito de verdade e de amor agindo em nós. Unindo-nos no amor, recriando-nos na verdade, eis o que importa. Evitemos obstacular o Espírito com a nossa estupidez, a nossa pouca abertura, a nossa falta de fé”. Evitemos colocar obstáculos ao Espírito.

 

PALAVRA FINAL

 

De maneira irmãos e irmãs que, especialmente a nós de Renovação Carismática Católica, nós estamos vivendo esses tempos de privilégio, privilégio do Espírito Santo. E com ele vem esse compromisso que a Igreja espera de nós. Por essa transversalidade da experiência do Batismo no Espírito; pela comunhão dos diversos dons. Como dizem os Papas, nós temos o dever de abraçarmos a causa do ministério da reconciliação. Nós temos cada um na sua realidade, a obrigação de se deixar conduzir pelo Espírito que quer que nós sejamos um. Isso vale mais do que todas as outras atividades nossas.

 

Santo Agostinho dizia que é sinal de que nós temos o Espírito quando o nosso coração palpita pela verdade da comunhão. Esse é um sinal. Não é orar em línguas, fazer milagres. Desejo de comunhão. Eu garanto para você: o diabo ri da nossa organização, zomba dos nossos propósitos apostólicos, mas ele treme quando a gente resolve a se unir e se amar. Aleluia!