Inícios da Igreja em Antioquia

Autor: Rui Luiz Rodrigues

leitura de Atos 11:19-26; 13:1-4

1. Inícios da Igreja em Antioquia

a) O Novo Testamento nos apresenta a Igreja vivendo sob a ação contínua e poderosa do Espírito Santo. Só a ação do Espírito Santo pode gerar um
ambiente como o experimentado em Jerusalém e como o experimentado no início da Igreja em Antioquia. Na história da Igreja, esse ambiente se perdeu; o Espírito Santo não deixou de operar Sua obra regular, mas esse ambiente só foi notado em épocas especiais de avivamento. Consideremos alguns sinais dessa experiência da Igreja em Antioquia, que são também sinais da Igreja sob visitação (ação especial, extraordinária) do Espírito Santo. A definição funcional de James Packer para avivamento: uma ação extraordinária de Deus que tem como finalidade trazer a Igreja de volta para sua normalidade!

b) Atos 11:20 – A boa nova que transborda: impossível guardá-la apenas para os judeus! A causa dos resultados: “A mão do Senhor estava com eles, e muitos creram e se converteram ao Senhor” (Atos 11:21).

c) Barnabé, um “homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé” (Atos 11:24).Homem de caráter trabalhado por Deus. Sem essas qualidades, poderia ter visto a obra em Antioquia com outros olhos (por exemplo, os “olhos” daqueles mencionados em Atos 11:2). A falta de um caráter preparado pode entravar o avivamento, pode apagar a ação do Espírito Santo (1 Tessalonicenses 5:19, “Não apaguem o Espírito”)! Mas o caráter preparado é também generoso: vê em Antioquia oportunidade para o ministério de Paulo e vai procurá-lo (Atos 11:25-26). Não cabe inveja.

d) Uma Igreja que compreende as prioridades do ministério (Atos 13:1-3): ministrar ao Senhor e jejuar (para a lógica humana, aparentemente, perder
tempo!). Todavia, o papel central pertence ao Espírito Santo – Ele promove a glória do Pai e do Filho, Ele potencializa e torna possível a pregação do
evangelho. João 16:8, “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”; João 16:13, “ele os guiará a toda a verdade”; João 16:14, “ele me glorificará”; 1 Coríntios 2:4, pregação como “demonstração do poder do Espírito”. Precisamos confrontar nossa idolatria: estamos confiando em programas, em métodos, em formação humana; estamos confiando em recursos humanos (midiáticos, propagandísticos, recursos de natureza política). Gastar tempo ministrando ao Senhor não é “tempo perdido”!

e) Uma Igreja que ouve e obedece: “Separem-me Barnabé e Saulo…” (Atos 13:2); Resposta: jejuam – oram – impõem as mãos – enviam (Atos 13:3).
Após receberem a palavra diretiva do Espírito Santo, não gastaram o resto do tempo planejando como seria a primeira viagem de Barnabé e de Paulo: gastaram tempo orando mais, ministrando ainda mais ao Senhor – porque o Senhor era quem se encarregaria dos detalhes da viagem!

f) Nesse ambiente, o Espírito Santo pôde gerar:

2. Um ministério que responda aos desafios do nosso tempo (Atos 13:4-12)

a) “Enviados pelo Espírito Santo” (Atos 13:4) – a primeira necessidade de nosso tempo é da ação do Espírito! Precisamos de ministérios enviados pelo Senhor para fazer o que o Senhor quer! Menos auto-envio, menos auto-delegação!

b) “…proclamaram a palavra de Deus…” (Atos 13:5). Pregação honesta e integral da Palavra de Deus. Não pregaram a si mesmos; chega de auto-ajuda, chega de “animação de auditório”, chega de pregação coaching. Evangelho do Reino, que denuncia o pecado, conclama ao arrependimento e aponta para a Cruz! – Mas isso só se faz pelo poder do Espírito Santo!

c) Discernimento e poder para confrontar as fortalezas espirituais do nosso tempo (Atos 13:6-12). 2 Coríntios 10:3-5 – destruir “argumentos” (sofismas) e “toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus”, de forma a levar “cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”. Essas forças espirituais estão encasteladas por trás de estruturas fortíssimas, que vêm sendo construídas há mais de duzentos anos. Estruturas de pensamento seculares, surgidas num mundo que se arroga poder viver sem Deus; mas também estruturas de pensamento encasteladas na Igreja, na teologia – aqui, o desafio de localizar a falsa profecia: capítulo clássico é Jeremias 28, a falsa profecia tem todos os trejeitos da verdadeira, mas (1) seu conteúdo é mentiroso –“Disse, pois, o profeta Jeremias ao profeta Hananias: ‘Escute, Hananias! O Senhor não o enviou, mas assim mesmo você persuadiu esta nação a confiar em mentiras” (Jeremias 28:15); a falsa profecia tem todos os trejeitos da verdadeira, (2) seu portador parece cordeiro, mas fala como dragão (Apocalipse 13:11, sobre a segunda besta, a besta que saiu da terra) – pela providência de Deus o tom de sua voz não consegue ocultar-lhe o orgulho implícito, esse orgulho que foi o pecado primordial do diabo. A falsa profecia pode ser detectada, assim, também pelos resultados que ela gera em nós: produz em nós a humildade e a mansidão de Cristo, ou produz o orgulho e a soberba da besta?

3. Conclusão.
a) Podemos reconhecer nas ênfases desta palavra nossa maior necessidade?
b) A própria unidade da Igreja não virá por nossos programas e esforços. Ela virá pela ação do Espírito Santo, o Único que pode criar essa unidade: a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4:3).
c) Precisamos de arrependimento. Reconhecer nossa carência de Deus. Nossa insuficiência. Abandonar nosso engano (nossa idolatria, nossa confiança em qualquer coisa que não seja Deus) e buscar de Deus uma ação nova do Seu Espírito Santo para nossa época.